La Crampe de L’écrivain

Crampe de l’écrivain é o nome na língua francesa para a doença/deficiência neurológica conhecida no Brasil com o nome de câimbra do escrivão.  Na verdade, a tradução do francês para as línguas inglesa e portuguesa é “câimbra do escritor”, assim como  para qualquer outra língua é desta forma; na língua espanhola, por exemplo, CE é “calambre del escritor”.

A língua portuguesa é complexa; tanto faz um termo quanto o outro. Mas, eu penso que “Câimbra do escritor”, assim como está na língua francesa, é mais adequado –  e etimologicamente correto –  para categorizar este tipo de Distonia de Tarefa Específica. De acordo com o dicionário Aurélio a palavra “Escrivão” é sinônimo de “Escriba” e significa: “oficial público encarregado de escrever autos, atas, termos de processo e outros documentos legais junto a diversas autoridades, tribunais, corpos administrativos, etc”.  Com relação a palavra “Escritor“, a definição mais plausível é: “a pessoa que se expressa através da arte da escrita”. Por isso que, daqui em diante, ao se referir a esta condição de saúde, eu irei sempre falar em  “CE – Câimbra do Escritor“.

Na língua francesa,  a câimbra do escritor é descrita como Dystonie de fonction que significa distonia focal ou distonia de função específica. Esta categorização é usada na literatura médica brasileira, também.

Quando se tem uma limitação ou “impedimento corporal” desta natureza,  o primeiro impulso é buscar informação sobre a doença e alguma forma para minimizar o sofrimento; e depois procurar pessoas com a mesma condição de saúde para compartilhar as experiências de vida com distonia. Pois, além das limitações físicas, a distonia afeta a autoestima, provocando graus de ansiedade e depressão. E em alguns casos, a doença leva ao isolamento do convívio social e de acordo com os neurologistas, os impactos no trabalho podem ser ainda mais prejudiciais, já que os portadores da câimbra do escritor apresentam a impossibilidade da escrita e da digitação.

Com este Blog, eu pretendo criar um espaço informativo, de conscientização e educação  sobre esta doença estranha que é considerada o 3ª distúrbio neurológico do movimento mais comum depois da Doença de  Parkinson e do Tremor Essencial. Almejo, também, ajudar a desmistificá-la e encorajar a todos que vivem com distonia a sair do ANONIMATO e do CASULO.  Na verdade, a motivação para tal façanha surgiu depois de  ter participado da Comunidade  “Dystonia Neuro Movement Disorder”  no WegoHealth.

Eu acho que a nossa motivação maior deve ser a seguinte: (1º) buscar uma articulação de  todos os pacientes para sermos Defensores das pessoas com distonia e desenvolver relações diplomáticas com nossos líderes legislativos para sensibilizá-los com relação a nossa condição de saúde e ajudá-los a compreender os desafios de todos aqueles que vivem com distonia; (2º) buscar sensibilizar a população e os políticos com relação a um esforço global para investir nas pesquisas em busca da cura da distonia e outros transtornos neurológicos do movimento como a doença de Parkinson.

Nas minhas pesquisas para entender mais sobre a Câimbra do Escritor, tenho visto que em alguns países do chamado primeiro mundo as pessoas que sofrem de distonias tem um melhor suporte em todos os sentidos e estão mais organizadas a exemplo da Dystonia Advocacy Network, Amadys, Deutsche Dystonie Gesellschaft, The Dystonia Society e outras associações sem fins lucrativos; grupos de apoio e fundações de pesquisas como a DMRF.

Para que o leitor tenha noção da gravidade desta doença, eu escolhi esta foto abaixo de uma pessoa com câimbra do escritor que encontrei no site alemão Entwicklungsgruppe Klinische Neuropsychologie (Desenvolvimento de Neuropsicologia Clínica) e que mostra exatamente como é  uma das  posturas compensatórias da mão(sintoma)  ao tentar escrever:

Non-belonging em Pacientes com Doenças Raras

A sensação de não pertencimento (Non-belonging) é algo que muitas pessoas enfrentam, independentemente de serem autistas ou não. Vamos explorar um pouco mais sobre esse sentimento e como ele se relaciona com o autismo e a distonia.

O que é a sensação de não pertencimento? A sensação de não pertencimento pode surgir quando alguém se sente desconectado do meio em que vive. Isso pode acontecer em relação à família, comunidade, grupo de amigos, país ou até mesmo ao mundo de forma geral. Pessoas que têm dificuldade em encontrar alguém com opiniões semelhantes ou que respeite suas opiniões podem começar a se afastar de um meio social específico em busca de um ambiente mais receptivo.

Sintomas de não pertencimento: Quem tem dificuldade em se sentir pertencente pode apresentar os seguintes sintomas:

Solidão, timidez, depressão e ansiedade;

Sentir-se deslocado em grupos sociais;

Busca constante por significado e conexão.

Desta forma, poderíamos dizer que o sentimento de pertencimento e identificação em um grupo é essencial para que as pessoas se ajudem, bem como construam laços de afeto e confiança, que podem fortalecer-se com as dificuldades e os conflitos encontrados cotidianamente

Estatísticas

Em todo o mundo, existe em torno de 300 milhões de pessoas que vivem hoje com uma patologia considerada rara, ou seja, 4% da população mundial. Uma doença é considerada rara quando não afeta mais de 5 em um grupo de 10.000 pessoas. E No Brasil, são 13 milhões de pessoas com doenças raras, mas não se sabe quantas dessas participam de grupos de apoio ou de mobilizações sobre enfermidades raras; o que se sabe, é que é relativamente difícil encontrá-las, segundo o artigo publicado na revista online ApaeCiência.

Autismo e Não pertencimento:

Adultos autistas frequentemente enfrentam o sentimento de não pertencimento. A falta de compreensão na sociedade e os desafios na comunicação contribuem para o isolamento.

Inclusão no mercado de trabalho pode proporcionar senso de pertencimento, propósito e autonomia para pessoas com autismo.

Na adolescência, promover a autonomia também ajuda a desenvolver o senso de pertencimento.

Lembre-se de que cada pessoa é única e o sentimento de pertencimento pode variar. É importante buscar apoio e compreensão, tanto para si mesmo quanto para os outros. Se você ou alguém que conhece está enfrentando essa sensação, considerar conversar com um profissional de saúde mental pode ser uma boa opção.

Distonia e Não Pertencimento:

A sensação de pertencimento raramente se torna objeto de problematização até que o indivíduo experimente sua negação.

Quando o sujeito se questiona pelos motivos que desencadeiam rejeição ou exclusão, o pertencimento se transforma em conteúdo da percepção.

O sentimento de pertencimento é fundamental para qualquer pessoa, mas pode ser especialmente relevante para aqueles que vivem com doenças raras como a distonia e o espectro autista.  A identificação com outros indivíduos que enfrentam desafios semelhantes pode proporcionar um senso de comunidade e apoio.

Aqui estão algumas reflexões sobre o tema:

Equidade e Inclusão Social:

O Sistema Único de Saúde (SUS) busca garantir a equidade, igualdade e universalidade no atendimento à saúde. Isso inclui a promoção da funcionalidade e melhoria da qualidade de vida das pessoas com deficiência e doenças raras.

Tecnologias assistivas, como produtos, equipamentos e estratégias, são essenciais para promover a autonomia e inclusão social desses indivíduos.

Desafios e Direitos Humanos:

O combate ao estigma, exclusão e marginalização é crucial para proteger os direitos humanos das pessoas com doenças raras.

A vulnerabilidade e a necessidade de inclusão social também são questões importantes a serem consideradas.

A Agenda 2030, com seu compromisso de “não deixar ninguém para trás”, reforça a importância de abordar as necessidades específicas desses grupos.

Conclusão

Em resumo, o senso de pertencimento e a identificação com outros indivíduos que compartilham experiências semelhantes podem ser fundamentais para enfrentar os desafios das doenças raras como o autismo e a distonia. A construção de laços de apoio e a conscientização sobre essas condições são passos importantes para melhorar a qualidade de vida das pessoas afetadas por essas enfermidades.

Consulta Bibliográfica:

ApaeCiência.org. Identificação e pertencimento: a importância de construir laços que aproximam
pessoas com doenças raras
. Jan/Jun – 2020; Revista, Brasília/DF;

Autismo em Dia. Autismo e adolescência: estratégias para promover a autonomia e independência. Fev/2024, Blog;

Coletivamente. Não pertencimento. dezembro/2023, website;

Psicólogo e Terapia. Sensação de não pertencimento: como lidar com esse sentimento?. Blog.

Specialisterne. Como a inclusão de pessoas neurodivergentes no mercado de trabalho pode transformar a sociedade. Nov/2023, website, organização social da Dinamarca;

Doenças Raras na Contemporaneidade: Desafios e Reflexões

As doenças raras são um campo de estudo fascinante e complexo. Atualmente, existem entre seis e oito mil doenças catalogadas como raras, com 80% delas tendo origem genética. Dentre elas, destaco a Distonia. Essas condições afetam uma parcela significativa da população, mas muitas vezes permanecem pouco compreendidas e negligenciadas.

Um artigo recente intitulado “Doenças genéticas raras com abordagem qualitativa: revisão integrativa da literatura nacional e internacional” explora a relevância dos estudos qualitativos sobre doenças genéticas raras. Os pesquisadores analisaram 171 artigos publicados entre 2013 e 2018 em bases de dados como Scielo, Lilacs, Medline, PubMed, BDENF, Web of Science, Scopus e CINAHL. Eles classificaram os estudos por ano, país, idioma, tipo de doença rara, estratégia de coleta de dados, área de conhecimento e tema.

Os resultados revelam que esses estudos têm o potencial de subsidiar a organização, a tomada de decisões e a formação em saúde. Eles também destacam a importância de considerar as vivências e os impactos nas interações pessoais, familiares, profissionais e organizacionais relacionados às doenças raras. Afinal, cada paciente e sua família enfrentam desafios únicos e necessitam de cuidados específicos.

No Brasil, o teste do pezinho é uma ferramenta crucial para detectar precocemente algumas doenças raras, como a fenilcetonúria, o hipotireoidismo congênito, a fibrose cística, a hiperplasia adrenal congênita e a deficiência de biotinidase. Essa triagem é fundamental para garantir intervenções adequadas e melhor qualidade de vida para os pacientes.

Em resumo, a pesquisa qualitativa sobre doenças raras é essencial para ampliar nosso entendimento dessas condições e promover políticas de saúde mais eficazes. É hora de dar voz aos pacientes e suas experiências, para que possamos avançar na busca por soluções e apoio adequado.

O ano dos Desafios

O ano de 2023 foi eletrizante e cheio de desafios e obstáculos. Segundo pesquisa da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo, neste ano que passou 78% das famílias brasileiras ficaram endividadas, ou seja, de cada dez famílias oito estiveram enroladas com dívidas. E a minha situação não foi diferente. O ano todo foi um sufoco muito grande, vivendo no limite, no cheque-especial e no empréstimo, mas no final do ano aconteceu um milagre: consegui pagar todas as minhas contas – menos o empréstimo – graças a ajuda de algumas pessoas.

Foi um sufoco porque convivi com muitas doenças que me tiraram do eixo e, portanto, gastei uma grana considerável com isto. Doenças tanto minhas quanto de Lena que nos deixaram numa situação estresse extremo. Tive que me afastar do trabalho no início do ano e para fechar 2023, no réveillon fiquei em casa com minha companheira devido a uma crise de fibromialgia que ela teve.

No trabalho também foi  bastante desafiador, pois a demanda de pessoas com sofrimento psíquico grave e desajustes emocionais foi intensa. Atendi muita gente em situação de vulnerabilidade social e emocional, vítimas de diversas violências e violações de direitos, ministrei  algumas palestras nas escolas e participei de entrevistas sobre comportamento e relações interpessoais. Tive que aprimorar o controle e gerenciamento das emoções para ter uma maior probabilidade de ser assertivo e tomar decisões racionais e eficazes.

Com relação ao dia-a-dia, andei muito à pé na cidade onde trabalho; vivi com pouco conforto em algumas situações; e procurei casa para mudar-se de uma vez para Sumé, mas não encontrei um imóvel adequado. O pessoal daqui diz que casa para alugar é difícil por aqui. Eu pago dois aluguéis e tem sido muito difícil viver diante desta situação adversa. E ainda teve as dificuldades de translado entre cidades. São pequenos aborrecimentos que somados se tornam um peso.

Com relação a profissão, fiz alguns cursos e congressos como: Saúde Mental e Atenção Psicossocial de Adolescentes e Jovens; Manual de capacitação da Classificação Internacional de Doenças e problemas relacionados com a saúde, 11º. Revisão (CID-11); O Cotidiano do CAPS: estratégia de organização e cuidados; I Congresso Nacional sobre o SUS; A (des)patologização no cuidado em saúde mental; III Congresso Brasileiro de Saúde Pública; e no final do ano comecei a fazer um curso de Formação de Peritos Judiciais. Participei, também, do evento Saúde Mental e Violência Infanto-Juvenil.

Com relação as leituras, eu li pouco este ano que passou. Terminei o ano lendo o livro Deixe de ser Pobre! do autor Eduardo Feldberg e relendo o livro Ação e Reação de André Luiz, psicografado por Chico Xavier. Durante o ano, eu li os livros Falun Gong e Zhuan Falun de Li Hongzhi e Psicopatologia e Semiologia dos Transtornos Mentais de Paulo Dalgalarrondo.

Com relação aos Blogs Homens de Bem e Estação Psicossocial, os números não foram muito expressivos:

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Com relação a distonia focal, eu percebi uma piora considerável, mas consegui escrever o básico  com um jeito adaptativo. Com relação a condição de Aspie, eu diria que é algo surreal. Eu li vários textos sobre as duas condições de saúde, dos quais destaco Cognitive and Neuropsychiatric Impairment in Dystonia, It Stacks on Our Shoulders like Bricks: Burden of Dystonia is More than a Movement Disorder e Autismo e Síndrome de Asperger: uma visão geral.

Com relação aos acontecimentos que gostei imensamente neste ano, em primeiro lugar posso afirmar que foi a oportunidade que tive de fazer parte da Comissão de Acolhimento do Céu da Campina. Fizemos uns quatros grupos de acolhimento. Foi uma experiência super bacana. Outra circunstância que me encheu de alegria foi o fortalecimento da minha fé tanto na doutrina espiritualista do Santo Daime como numa antiga disciplina espiritual e de meditação conhecida como Falun Gong.

“Do sofrimento, emergem as almas mais fortes. Os personagens mais impressionantes estão cheios de cicatrizes.” -Kahlil Gibran-

E uma situação que não gostei foi o fato da administração municipal ter tirado a nossa folga, depois de 25 anos. Isto trouxe transtornos graves e aborrecimentos para a minha vida. O profissional de psicologia já é muito desvalorizado e, como se não bastasse, somos obrigados a nos submeter a atos de arbitrariedade e condições desrespeitosas no trabalho. É um desafio ficar bem neste contexto.

Em resumo, o ano de 2023 foi o ano mais quente da história no tocante ao clima e muito asfixiante com relação a sobrevivência. Mas, apesar das adversidades, consegui dar conta de uma série de coisas importantes e significativas. Cada desafio foi uma oportunidade de amadurecimento, de crescimento pessoal e de adquirir mais experiência, destreza e traquejo com as batalhas internas e com as relações interpessoais. Tentar manter a serenidade, desenvolver a capacidade de adaptação e tomar decisões assertivas diante de um contexto de sobrevivência que causa insegurança, medo e preocupação demasiada demandou um esforço significativo. No artigo A Psicologia da Sobrevivência: A Resiliência Humana em Tempos Desafiadores, André Barbiero afirma que através do desenvolvimento de habilidades emocionais, da busca de apoio social e do cultivo de uma mentalidade de resiliência, podemos aumentar nossas chances de sobreviver e prosperar em face das adversidades e podemos cultivar a força interior necessária para superar qualquer obstáculo que a vida nos apresente. Foi isto o que aconteceu!

Hipersensibilidade no autismo: Compreendendo e Apoiando Pessoas Autistas 

A hipersensibilidade é uma característica comum no espectro do autismo, afetando a forma como as pessoas autistas percebem e reagem aos estímulos sensoriais. Essa sensibilidade elevada pode ter um impacto significativo na vida diária das pessoas autistas e na sua capacidade de se engajar plenamente no mundo ao seu redor. Neste artigo, exploraremos a hipersensibilidade no autismo e forneceremos dicas para apoiar e compreender melhor as pessoas autistas. 

1. O que é hipersensibilidade no autismo? 

A hipersensibilidade no autismo refere-se a uma resposta sensorial exagerada – hiperreatividade sensorial – a estímulos do ambiente, como sons, luzes, cheiros, mudanças bruscas e extremas no clima, texturas e sabores. Pessoas autistas podem ser mais sensíveis a certos estímulos e podem experimentar essas sensações de maneira intensa e avassaladora. 

2. Principais áreas de hipersensibilidade no autismo: 

  • Hipersensibilidade ao som: Pessoas autistas podem ter dificuldade em filtrar sons e podem ser extremamente sensíveis a ruídos altos ou sons de alta frequência. 
  • Hipersensibilidade à luz: A luz intensa ou os contrastes de luz podem ser desconfortáveis ou até mesmo dolorosos para pessoas autistas, levando ao uso de óculos de sol ou evitando ambientes brilhantes. 
  • Hipersensibilidade tátil: Certas texturas, tecidos ou toques podem ser aversivos para pessoas autistas, levando-as a evitar certos materiais ou evitar contato físico. 
  • Hipersensibilidade a cheiros: Alguns cheiros comuns podem ser avassaladores para pessoas autistas, causando desconforto ou até mesmo náuseas. 
  • Hipersensibilidade a sabores: Alimentos com sabores intensos ou com determinadas texturas podem ser desagradáveis para pessoas autistas.
  • E outras como hipersensibilidade a fogos de artifícios, a mudanças bruscas e intensas do clima, as mudanças físicas e energéticas do ambiente.

3. Impacto da hipersensibilidade no dia a dia: 

A hipersensibilidade no autismo pode afetar várias áreas da vida cotidiana, incluindo as rotinas das atividades sociais, da escola, do trabalho e do lazer. Pessoas autistas podem achar difícil participar de eventos barulhentos, frequentar lugares com iluminação intensa ou até mesmo usar certas roupas devido à sensibilidade tátil. 

4. Apoiando pessoas autistas com hipersensibilidade: 

  • Educando-se: Informe-se sobre o autismo, seus desafios e características. Quanto mais você entender a hipersensibilidade, melhor poderá apoiar pessoas autistas em seu convívio. 
  • Comunicação: Ouça e respeite as necessidades e preocupações das pessoas autistas. Crie um ambiente onde elas se sintam à vontade para expressar suas sensibilidades. 
  • Ajustes ambientais: Se possível, faça ajustes no ambiente para minimizar estímulos sensoriais que podem ser problemáticos. Isso pode envolver reduzir o brilho das luzes, fornecer fones de ouvido ou oferecer espaços tranquilos. 
  • Sensibilização: Divulgue informações sobre a hipersensibilidade no autismo para promover a compreensão e empatia na sociedade. 

5. Minha experiência com a hipersensibilidade e hiperreatividade sensorial:

Sempre tive uma sensibilidade ou percepção aguçada principalmente com relação as energias das pessoas e dos ambientes. A yoga taoísta me ajudou a lidar e aprimorar estas características, pois uma das minhas dificuldades sempre foi perturbar-se com facilidade ou ter uma reação fora do habitual diante das pessoas comuns que brigam, enganam, competem, machucam e prejudicam umas às outras por meros interesses pessoais. Esta mentalidade da sociedade humana comum sempre me chamou a atenção e tem sido um dos pontos de reação intensa e avassaladora de minha parte por perceber nisto, dentre outras coisas um comportamento egoísta e agressivo. Atualmente, percebo que minhas experiências proporcionadas pelos trabalhos espirituais do Santo Daime, das praticas do Tai-Chi e do Falun Dafa tem me ajudado a diferenciar o meu lado de yogue místico com mediunidade ostensiva da hipersensibilidade de minha condição de Aspie, tem trazido com muito esforço o meu equilíbrio emocional, assim como, o entendimento da minha condição de ser uma pessoa eminentemente reservada. Bom, não sei se consegui me expressar com destreza, mas finalizo dizendo que tudo isto é muito inusitado.

Conclusão: 

A hipersensibilidade no autismo é uma característica importante a ser compreendida e considerada quando interagimos com pessoas autistas. Ao reconhecer e apoiar as necessidades sensoriais individuais, podemos ajudar a criar ambientes mais inclusivos e promover o bem-estar de todos. Lembre-se, cada pessoa é única e pode ter suas próprias necessidades e preferências, portanto, seja aberto, empático e respeitoso.

Férias em casa

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Tirar Férias é uma questão de necessidade, é sinônimo de sair da rotina, acordar mais tarde, viajar e realizar atividades agradáveis. Geralmente, estão relacionadas com o descanso, o ócio, o turismo e o lazer. Férias é o plural de féria, um termo que deriva do latim ferĭa (“dia de festa”) e que faz referência ao descanso temporário de uma atividade habitual. Trata-se do período durante o qual as pessoas que estudam ou trabalham suspendem temporariamente os seus compromissos. Na verdade, “um mês de festa”.

As férias permitem reduzir o stress e outras patologias derivadas das obrigações, ajudam a melhorar a produtividade no resto do ano e podem ser aproveitadas para realizar atividades que, no resto do ano, não se realizam por falta de tempo.

Hoje em dia, as férias são vistas até mesmo como algo que beneficia a saúde do trabalhador. Aquele que conta com um tempo longe das atividades laborais pode recuperar as energias, melhorando sua saúde e seu bem-estar.

Quando uma pessoa trabalha de forma demasiada, isso pode acarretar o desenvolvimento de muitos transtornos psicológicos.

As minhas férias foram uma oportunidade de realizar muitas coisas diferentes: coloquei algumas leituras em dia; participei do I Fórum Regional de Saúde Mental e Trabalho, do I Congresso on-line sobre o SUS e do minicurso O Cotidiano do CAPS: estratégia de organização e cuidados; adotei uma rotina de contato com a natureza e práticas meditativas Taoístas e do Falun Dafa; estive mais presente nos rituais do Santo Daime; participei de palestras do Movimento Hare Krishna e Espiritismo; estreitei alguns laços de amizades interessantes; realizei serviço de pintura em casa; mandei arrumar algumas coisas que precisavam de manutenção; cuidei mais da saúde e fiquei mais com a família; dei continuidade ao tratamento com canabidiol para Distonia focal e Síndrome de Asperger; procurei acalmar e desacelerar minha mente e me permiti a “não fazer nada”, busquei exercitar o equilíbrio e o auto comprometimento, descansei e dormi mais…

Portanto, mesmo com limitações financeiras que me obrigaram a ficar em casa, realizei várias tarefas significativas e agradáveis para mim. Este mês de folga foi uma temporada propícia para desenvolver minha criatividade e inspiração. Vivenciei literalmente um ócio criativo que quando começou a ficar bom, acabou. Voltei a trabalhar com mais disposição e mais serenidade. Como diz Adélia Prado: “acho que tudo que acontece é feito pra gente aprender cada vez mais. É pra ensinar a gente a viver”.

Para os especialistas das ciências psicossociais e saúde coletiva, o período de férias simboliza uma pausa necessária não apenas para aliviar a fadiga física em algumas profissões, mais também o estresse e cansaço emocional. Segundo dados do International Stress Management Association (ISMA-BR), 72% da população brasileira sofre alguma sequela do estresse. Destas, 32% têm a Síndrome de Burnout. O dado coloca o Brasil como o segundo país com maior número de trabalhadores afetados.

As férias também são importantes para prevenir problemas de saúde relacionados ao trabalho, como estresse, insônia, doenças mentais, ansiedade e se desligar um tempo do trabalho para recarregar as energias.

Num artigo de Stefani Pereira, a psicanalista Ana Tomazelli, ‘ explica que cada vez mais pessoas têm surgido com graves sintomas de ansiedade e depressão, ocasionados pela sobrecarga de tarefas e o acúmulo de funções dentro e fora de seus respectivos trabalhos, o que tem levado muitos profissionais a completa exaustão mental e física. Para ela, o período de férias auxilia no alívio das preocupações da vida cotidiana e traz outros benefícios como o aumento da criatividade, a expansão de novas ideias, promovendo consequentemente, o aumento da produtividade na volta ao trabalho. Segundo os neurologistas, o afastamento da rotina pode nos proporcionar momentos de descontração, mas readaptar o relógio biológico e o cérebro para voltar à rotina habitual pode representar um grande desafio! O meu sentimento é que estou ainda num processo de retomada da rotina, de readaptação ao ritmo de trabalho. Sinto-me voltando aos poucos e procurando respeitar meu ritmo. “Geralmente, demora cerca de uma semana, mas, aos poucos, o cérebro entende que ele precisa voltar a trabalhar”, afirma Dr. Fernando Gomes, neurocirurgião e neurocientista.

Uma história inusitada

Nestes últimos dias, eu li duas histórias interessantes de duas pessoas respeitáveis que tiveram diagnósticos tardios de autismo tipo I e assim como elas, a minha história não foi diferente, tanto é que atualmente me encontro numa situação inusitada e, às vezes, difícil de ser encarada. Essas histórias são de duas mulheres, ambas com visibilidade pública: uma é atriz global e a outra, política. A primeira é a atriz Letícia Sabatella e a segunda é a jornalista e deputada estadual Andrea Werner que com seus relatos me fizeram pensar sobre toda a minha difícil jornada no que diz respeito a compreensão do meu comportamento e das minhas emoções.

Como a atriz disse, eu também tive uma sensação libertadora ao ser diagnosticado como Aspie aos 55 anos. Porém, comigo a notícia chegou de forma inesperada e como descrevi em um artigo “…a confirmação do meu diagnóstico – mesmo tardio – trouxe um contratempo, um grande processo catártico e o começo de um novo decurso na minha evolução existencial enquanto pessoa e profissional da psicologia”.

Com relação as reações explosivas comentadas pela atriz, no meu caso também sempre estiveram relacionadas a um hiperestímulo provocados por situações que, de algum modo, houve uma injustiça de compreensão por parte das pessoas ao meu redor. O curioso é que ao ler a entrevista de Sabatella, eu me lembrei de um médico que fora meu colega de trabalho e, às vezes, me dizia que eu parecia um pitibull quando não era compreendido.

O importante e bonito do mundo é isso: que as pessoas não estão sempre iguais, ainda não foram terminadas, mas que elas vão sempre mudando. Afinam e desafinam. (Guimarães Rosa, em Grande Sertão: Veredas)

De acordo com o psiquiatra Alexandre Valverde, “os casos mais leves de autismo estão muitas vezes associados ao que socialmente reconhecemos como timidez. Não há muita fixação do olhar, há uma dificuldade de aceitar barulhos ou situações de interação social intensa e, muitas vezes, uma leve dificuldade de se expressar verbalmente”. Interessante que ele mesmo, também, foi diagnosticado tardiamente aos 42 anos com o grau mais leve de autismo. O psiquiatra paulistano disse que nunca suspeitou que ele fosse autista, o que foi diferente no meu caso que sempre desconfiei, portanto fugia do assunto. Mas, assim como ele, eu tenho dupla excepcionalidade o que justifica ser um Aspie e sempre costumei mascarar a condição neurodivergente para não ser visto como esquisito.

Diante desta caminhada, só me resta respeitar as minhas limitações, o meu tempo, estudar mais o assunto e esforçar-se para não dá atenção as indelicadezas e preconceitos do mundo neurotípico que nos faz sentir-se inadequado e exausto.